O Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), em Feira de Santana, implantou o Núcleo de Teleneurocirurgia, um serviço pioneiro da Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab) que reforça a interiorização da assistência médica de alta complexidade. A iniciativa, integrada ao Sistema de Telessaúde e Telemedicina (STT), foi implementada em parceria com o Núcleo de Saúde Digital da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e já atendeu cerca de 80 pacientes em pouco mais de dois meses.
O novo sistema permite teleconsultorias, teletriagens e acompanhamento de urgência para pacientes em pré e pós-operatório, além de apoiar unidades de saúde sem especialistas em neurocirurgia. As equipes podem compartilhar exames e relatórios de forma segura, em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
A implantação da Teleneurocirurgia no interior da Bahia representa um marco na descentralização dos serviços de alta complexidade, trazendo impactos diretos tanto para pacientes quanto para a rede estadual de saúde. Entre os principais benefícios, o serviço contribui para desafogar os hospitais da capital, já que muitos casos passam a ser resolvidos dentro do próprio território interiorano, evitando transferências desnecessárias. Além disso, amplia o acesso a especialistas, especialmente em municípios que não dispõem de neurocirurgiões, fortalecendo a equidade no atendimento.
Outro ponto positivo é a melhora na qualidade do cuidado prestado. O acompanhamento pós-operatório remoto reduz complicações, facilita o monitoramento e garante continuidade ao tratamento. A redução dos deslocamentos também traz mais conforto, segurança e economia aos pacientes e suas famílias. Somado a isso, a integração das unidades de saúde por meio de teleconsultas e suporte técnico em tempo real fortalece o trabalho em rede e aumenta a resolutividade dos serviços locais.
Apesar dos avanços, o modelo ainda enfrenta limitações. A dependência de infraestrutura tecnológica adequada pode restringir o funcionamento pleno do sistema em municípios com conectividade limitada. Há ainda a necessidade de capacitação constante das equipes locais, para assegurar a utilização correta das ferramentas e a qualidade do atendimento.
Outro desafio é o risco de sobrecarga digital, especialmente se a demanda crescer além da capacidade das equipes de especialistas que oferecem suporte remoto. Além disso, nem todos os casos podem ser acompanhados exclusivamente a distância, o que mantém a necessidade de encaminhamentos presenciais para situações mais complexas. A segurança digital também se torna um ponto crítico, exigindo manutenção contínua de protocolos que garantam a proteção dos dados sensíveis dos pacientes.
Com potencial para transformar a assistência médica no interior, a Teleneurocirurgia se firma como um avanço estratégico, mas requer investimentos permanentes em tecnologia, qualificação profissional e segurança da informação para alcançar sua plena eficiência.
Fonte: Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab)
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