Agricultura familiar baiana se destaca na COP30 e aponta caminhos para ampliar ainda mais sua força

Modelo inovador da Coopsertão evidencia potencial do Semiárido, enquanto especialistas destacam desafios e necessidades para escalar e consolidar o setor.

Foto: Divulgação.

A agricultura familiar baiana ganhou projeção internacional nesta segunda-feira (10) durante a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), realizada em Belém (PA). A Cooperativa Ser do Sertão (Coopsertão), de Pintadas, representou o estado como referência em sustentabilidade, inovação social e protagonismo feminino na adaptação às mudanças climáticas, reforçando os impactos dos investimentos do Governo da Bahia por meio da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR).

Composta majoritariamente por mulheres negras e jovens, a cooperativa apresentou seu modelo de produção de polpas de frutas 100% naturais — sem uso de água ou aditivos químicos — aliado à recuperação de áreas degradadas da Caatinga por meio de sistemas agroflorestais. Selecionada pela OCB Nacional como uma das experiências mais exitosas do país, a Coopsertão dividiu palco com representantes do Ministério do Meio Ambiente, Natura e instituições internacionais, consolidando-se como exemplo de desenvolvimento sustentável no Semiárido.

A presidente da cooperativa, Valdirene dos Santos Oliveira, ressaltou que a participação na COP30 representa um marco histórico e reforça o potencial do bioma Caatinga para gerar soluções de baixo carbono. Ela defendeu que o modelo adotado pela cooperativa seja transformado em política pública permanente e escalável.

O avanço do projeto é apoiado pelos investimentos da CAR, que financiaram equipamentos, máquinas, ampliação da unidade de beneficiamento — agora com capacidade para armazenar 89 toneladas — e instalação de energia solar, garantindo redução superior a 90% no custo elétrico. A implantação do Modelo Agroflorestal de Recuperação de Áreas Degradadas também contribui para aumentar a resiliência climática e reduzir emissões.

Atualmente, 326 famílias são beneficiadas com produção agroecológica diversificada e assistência técnica contínua. No entanto, para que iniciativas como a Coopsertão se tornem ainda mais fortes e alcancem escala nacional, especialistas apontam que alguns desafios precisam ser enfrentados.

Entre as principais necessidades, estão: Ampliação do acesso a crédito rural específico para agroecologia, com juros mais baixos e prazos adequados ao ciclo das culturas do Semiárido; Fortalecimento das políticas públicas de compra institucional, como PAA e PNAE, garantindo mercado estável para a produção familiar;  Expansão da assistência técnica continuada, especialmente voltada a tecnologias sociais e manejo agroflorestal; Investimentos em logística e infraestrutura, como estradas, transporte refrigerado e centros de distribuição; Maior visibilidade e apoio à comercialização, incluindo plataformas digitais e estratégias de marketing voltadas para produtos da agricultura familiar; Reconhecimento e regulamentação de modelos agroflorestais como atividade produtiva formal, permitindo acesso a linhas de financiamento e certificações.

Mesmo diante desses desafios, o desempenho da Coopsertão demonstra que a agricultura familiar do Semiárido tem potencial para se consolidar como referência mundial em sustentabilidade — desde que receba investimentos contínuos, políticas estruturantes e ampliação de mercados para garantir sua expansão e permanência.

Fontes: ADAB / Sebrae

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