O sonho de um espaço de lazer, abastecimento e preservação ambiental em Guanambi se transformou em um cenário de conflitos e descaso público. A Barragem do Poço do Magro, planejada em 1975 pela empresa Hidroterra S.A. e inaugurada em 2005, nasceu para garantir o abastecimento de água da cidade. O reservatório tem capacidade para 37 milhões de metros cúbicos, e uma adutora de 22 quilômetros foi construída para reforçar o sistema da Embasa em Ceraíma.
Em 2011, o município sancionou a Lei nº 462, criando o Parque Ecoturístico Poço do Magro, com a proposta de incentivar o turismo ecológico e preservar o patrimônio natural e cultural da região.
Mas, a partir de 2016, começaram as ocupações irregulares nas Áreas de Preservação Permanente (APP) ao redor da barragem. Proprietários das terras do entorno fecharam o acesso à população, alegando posse particular, o que gerou uma série de denúncias ao Ministério Público Federal (MPF).
Naquele mesmo ano, o MPF abriu um inquérito civil público para investigar a omissão da Codevasf quanto às invasões e recomendou o georreferenciamento da área, além da criação do Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno do Reservatório (PACUERA).
O relatório técnico do PACUERA foi apresentado em 2017, com propostas para o uso sustentável das margens, incluindo a criação de uma Zona de Lazer e Turismo, regras de limpeza e conservação, e incentivo a atividades de baixo impacto ambiental, como pesca artesanal e contemplação.
No entanto, oito anos depois, a realidade é outra: as invasões continuam, o desmatamento avança e a degradação ambiental se agrava a cada ano. As comunidades do entorno denunciam que o Ministério Público não deu resposta efetiva, e que o direito de acesso ao lago — que deveria ser público — está sendo negado à população de Guanambi.
Moradores e associações pedem urgência: a realização de uma Audiência Pública com a presença da Prefeitura, Codevasf, MPF, órgãos ambientais e a comunidade, para discutir a municipalização e regulamentação do uso público da barragem.
Eles também cobram a instituição do Conselho Gestor do Parque Ecoturístico Poço do Magro, com participação popular e órgãos ambientais, e a solução definitiva para o abastecimento de água das famílias que vivem no entorno.
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