Janeiro Branco: A saúde mental em foco, especialmente na infância e adolescência

De acordo com a Dra. Maiana, pediatra, um dos maiores desafios relacionados à saúde mental das crianças e adolescentes é o estigma.

Dra. Maiana Castro, pediatra, e Neide Lu, jornalista.

O Janeiro Branco é uma campanha dedicada à conscientização sobre a saúde mental, promovendo reflexões e ações voltadas para o bem-estar emocional e psicológico. Durante este mês, profissionais da área, instituições de saúde e a sociedade se mobilizam para discutir temas como prevenção ao adoecimento mental, autoconhecimento e a importância de cuidar das emoções. É um momento crucial para reforçar que a saúde mental é essencial e deve ser priorizada ao longo de todo o ano.

No programa Fala Você Notícias desta terça-feira (28), recebemos a Dra. Maiana Castro, pediatra, para falar sobre o impacto do Janeiro Branco e a importância de cuidar da saúde mental desde a infância.

Dra. Maiana explicou que o Janeiro Branco, com seus 11 anos de história, teve origem no Brasil por iniciativa de um psicólogo Leonardo Abrahão de Minas Gerais e já é difundido em outros países. Segundo ela, o mês de janeiro foi escolhido por representar recomeços: "Todo mundo, em janeiro, reflete sobre o ano anterior, cria novos projetos e se propõe a mudar. Por isso, é o mês ideal para discutir saúde mental”, ressaltou. Além disso, destacou que, apesar da existência de campanhas como Outubro Rosa e Novembro Azul, ainda não havia uma iniciativa focada exclusivamente na saúde mental.

Desafios da saúde mental na infância e adolescência

De acordo com a Dra. Maiana, um dos maiores desafios relacionados à saúde mental das crianças e adolescentes é o estigma. "Infelizmente, ainda existe muito preconceito em falar sobre saúde mental. As pessoas discutem abertamente problemas como diabetes e hipertensão, mas evitam mencionar questões emocionais, como ansiedade e depressão", afirmou.

Ela destacou que esse preconceito é ainda mais acentuado na infância e na adolescência. "Quando se diagnostica um transtorno depressivo em uma criança, muitos pais se assustam, acreditando que depressão é algo exclusivo dos adultos", pontuou.

Outro problema é a dificuldade no diagnóstico. Existem poucos especialistas voltados para a saúde mental infantil, o que acaba atrasando a identificação de transtornos. Dra. Maiana explicou que, na infância, a depressão pode se manifestar de forma diferente: "Uma criança depressiva, muitas vezes, apresenta irritabilidade, o que pode ser confundido com birra ou até transtorno de déficit de atenção. Já a ansiedade pode se manifestar como dor abdominal, enjoos ou dores de cabeça, sintomas que frequentemente são associados a viroses."

Ela alertou para a importância de os pais estarem atentos às mudanças no comportamento dos filhos: "Crianças que antes eram ativas podem ficar introspectivas, enquanto outras podem apresentar alterações no apetite ou queda no rendimento escolar."

Dra. Maiana Castro, pediatra.

Fatores de risco e prevenção

Entre os fatores de risco para transtornos mentais em crianças e adolescentes, Dra. Maiana destacou disfunções familiares, carga genética, maus-tratos, abusos físicos ou psicológicos, e a falta de envolvimento dos pais na rotina dos filhos. "Muitas vezes, os pais não sabem como seus filhos se comportam na escola ou em momentos de lazer, o que dificulta a identificação de sinais de alerta."

Para os adolescentes, o uso de drogas e o bullying também são gatilhos importantes para o desenvolvimento de transtornos mentais.

O papel das telas e do exemplo dos pais

Outro ponto levantado pela especialista foi o impacto do uso excessivo de dispositivos eletrônicos. Ela ressaltou a importância de os pais servirem como modelo, evitando o uso de telas durante momentos como as refeições. "É difícil cobrar algo das crianças se os pais não dão o exemplo. Além disso, é essencial que as telas sejam utilizadas de forma construtiva e moderada."

Por fim, Dra. Maiana destacou a importância de os pais e responsáveis estarem presentes na vida das crianças, observando mudanças em seu comportamento e oferecendo apoio emocional constante. Ela reforçou que dialogar sobre saúde mental, adotar um estilo de vida saudável, incentivar a prática regular de atividades físicas e manter uma alimentação equilibrada são medidas simples, mas extremamente eficazes, com impactos positivos que se refletem a longo prazo no desenvolvimento emocional e psicológico das crianças e adolescentes. 

Quer saber mais sobre a importância da saúde mental na infância e adolescência? Clique no vídeo e confira o bate-papo completo com a Dra. Maiana Castro!

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