A greve na Universidade do Estado da Bahia (UNEB) já se arrasta por muitos anos, resultado de uma longa e contínua luta dos professores, funcionários e alunos por direitos que não têm sido respeitados. As principais reivindicações incluem reajuste salarial, melhores condições de trabalho, ampliação de recursos para infraestrutura e a implementação de políticas educacionais que assegurem um ensino de qualidade.Apesar de sucessivas negociações com o governo estadual, muitas promessas continuam sem ser cumpridas, intensificando a insatisfação da comunidade acadêmica. A greve, que impacta diretamente o calendário acadêmico e a vida dos estudantes, visa pressionar as autoridades a honrar os acordos firmados e valorizar o ensino superior público. Além disso, reflete um cenário mais amplo de negligência em relação às universidades estaduais, que enfrentam cortes de verbas e precarização dos serviços. No Fala Você Notícias desta quarta-feira (25), o professor da UNEB e membro do comando de greve, Osaná Macedo, discutiu a paralisação dos professores da instituição.
Ele explicou que o Fórum das Associações Docentes do Estado da Bahia (ADS) é responsável por dialogar com as quatro universidades estaduais: a Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), a Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e a UNEB.
Macedo destacou a presença da UNEB em diversas regiões do estado, com 27 campi e 32 departamentos, o que a diferencia das demais instituições. Embora as universidades compartilhem problemas comuns, questões específicas da UNEB levaram à deflagração da greve.
Ele criticou a proposta do governo, classificando-a como indigna: "Se temos 5% de inflação e vamos receber 4,94% dividido em dois anos, em quatro parcelas, isso significa que estamos com uma desvalorização salarial de mais de 30%". Além disso, mencionou a falta de autonomia da universidade, uma vez que a Secretaria de Administração do Estado da Bahia controla as finanças e outras decisões administrativas.
Outro ponto levantado foi o número elevado de progressões e promoções paradas, mesmo com o cumprimento dos critérios exigidos pelo estatuto do professor. Também há professores em situação de insalubridade que não têm suas condições de trabalho adequadamente discutidas. A falta de docentes em sala de aula é um problema recorrente, não apenas no campus de Guanambi, e o governo justifica a situação pela falta de recursos. "Na propaganda do estado, o recurso sobra, mas, nas negociações, o dinheiro falta. Alguma coisa está errada", criticou Macedo.
A greve será oficializada na sexta-feira, após a conclusão de todos os trâmites legais. Macedo assegurou que a semana acadêmica, que se inicia nesta quarta-feira, não será afetada. As atividades administrativas e eventos com portões abertos também continuarão.
Osaná Macedo destacou ainda que estudos apontam os professores como uma das classes profissionais mais propensas ao adoecimento, devido à pressão do trabalho em sala de aula e à necessidade financeira de sustentar suas famílias.
Ele alertou que, devido ao tamanho e à complexidade da UNEB, é impossível organizar um calendário acadêmico unificado durante a greve, o que também afeta a capacidade dos professores de ministrarem aulas. Ele afirmou que a responsabilidade por esse prejuízo, tanto para os alunos quanto para os professores, recai sobre o governo estadual, que não assume suas obrigações.
Nesta quarta-feira (25), o Fórum das ADS terá uma reunião com representantes do governo do estado para discutir as questões citadas, em uma tentativa de negociação. Na próxima segunda-feira (30), será realizada uma assembleia para discutir os rumos da greve. Além disso, estão sendo organizadas ações de mobilização, incluindo uma manifestação pública em Salvador e uma programação de eventos ligados à greve.
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