Senado aprova avanço de projeto que endurece penas para crimes violentos

Proposta amplia punições, altera cinco leis e prevê novas tipificações criminais; texto segue para votação em regime de urgência no Plenário.

Foto: Freepik.

O Senado Federal deu mais um passo em direção ao endurecimento da legislação penal com a aprovação unânime, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), do Projeto de Lei nº 4.809/2024, que prevê o aumento de penas para crimes violentos e mudanças significativas em cinco marcos legais do país: o Código Penal, o Código de Processo Penal, a Lei de Crimes Hediondos, o Estatuto do Desarmamento e a Lei de Drogas. A matéria, relatada pelo senador Alessandro Vieira (MDB-SE), agora aguarda votação em regime de urgência no Plenário.

Segundo o relator, a proposta busca oferecer resposta mais dura contra práticas violentas e contra o avanço do crime organizado no Brasil. Vieira destacou que o projeto também dialoga com a instalação da CPI do Crime Organizado, prevista para a próxima semana no Senado.

Principais mudanças do projeto

O texto aprovado prevê novas regras para progressão de regime, aumento de penas em crimes específicos e tipificação de novas condutas. Entre os destaques:

- Regime inicial fechado: condenações acima de 6 anos deverão começar em regime fechado (atualmente, apenas acima de 8 anos).

- Progressão condicionada: em crimes de tráfico, milícia e organizações criminosas, a progressão de regime dependerá do pagamento de multa, exceto para réus sem condições financeiras.

Novos critérios de periculosidade: juízes deverão considerar reincidência, histórico criminal e vínculos com o crime organizado para determinar prisões preventivas e penas mais severas.

Aumento de penas em roubos e extorsões: roubo com arma de fogo de uso restrito, por exemplo, poderá chegar a 20 anos de reclusão.

Criação de novos crimes:

- Resistência qualificada (impedir ações policiais com violência): até 3 anos de prisão.

- Uso de barricadas, fogo ou escudos humanos em ações criminosas: até 4 anos.

Coação contra testemunhas e colaboradores da Justiça: passa a ser crime autônomo.

Tráfico de drogas agravado: quando cometido em espaços públicos ou com uso de armas e intimidação coletiva.

Porte de armas ilegais: de origem ilícita ou de uso proibido, com penas de 10 a 20 anos.

Comércio e tráfico internacional de armas: passam a ser considerados crimes hediondos.

Apoio unânime no Senado

O projeto recebeu apoio tanto da base governista quanto da oposição. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) classificou a proposta como “um divisor de águas na segurança pública”, afirmando que ela impedirá a soltura rápida de criminosos perigosos. Já o líder do PT, Rogério Carvalho (SE), ressaltou a importância de reduzir a margem de discricionariedade judicial e diferenciar melhor os tipos penais.

Com acordo entre líderes partidários, a expectativa é que o texto seja votado em Plenário já na próxima semana.

Impactos esperados

A iniciativa reflete uma tendência de endurecimento do sistema penal brasileiro, principalmente diante do crescimento da violência urbana e do crime organizado. Caso aprovado, o projeto poderá impactar significativamente a execução penal no país, aumentando o tempo de cumprimento de pena em regime fechado e reduzindo a possibilidade de progressão rápida para condenados por crimes graves.

Por outro lado, especialistas avaliam que a efetividade da medida dependerá da capacidade do sistema prisional de absorver o aumento da população carcerária, sem agravar a superlotação já existente.

Fontes: Agência Senado; Relatório do Senador Alessandro Vieira (MDB-SE); Comissão de Constituição e Justiça (CCJ / Congresso em Foco


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